Bolsonaro compra a alma da polícia

Contra o Ministério da Economia e pensando apenas no seu projeto político golpista, o presidente Jair Bolsonaro faz o que pode para agradar e controlar a polícia. Sua tática é conceder privilégios para os agentes de segurança pública com o objetivo de conseguir seu apoio incondicional. A próxima medida para agradar essa categoria profissional que está sendo lançada é uma linha de crédito imobiliário com subsídio de R$ 100 milhões direcionada exclusivamente para a polícia. Batizado de Habite Seguro, o programa prevê financiamentos de até R$ 300 mil e subsídios que variam conforme a faixa de renda do beneficiado. É mais uma iniciativa populista do governo, que decidiu comprar apoio de maneira sem vergonha.

Não é por acaso que Bolsonaro lança um projeto que beneficia apenas um grupo social. Poderia ter pensado numa iniciativa para ajudar professores ou profissionais de saúde. Mas o alvo é a polícia. A sua escolha não é arbitrária e visa cooptar as forças de segurança, pensando nos seus votos nas próximas eleições, mas também em ter um apoio para controlar o povo que se manifesta nas ruas. O programa vai beneficiar integrantes ativos, inativos, da reserva remunerada, reformados e aposentados da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, das polícias civis e militares, do Corpo de Bombeiros e até profissionais de criminalística e medicina legal. De cara, os beneficiados receberão dinheiro a fundo perdido para pagar o sinal de financiamento e as despesas com cartório.

O dinheiro para o Habite Seguro sairá do Fundo Nacional de Segurança Pública, controlado pelo Ministério da Justiça. Apesar da origem identificada, a equipe econômica do governo é contrária à liberação do dinheiro para afagar a polícia com moradia. O fato é enquanto demonstra rigor com a maioria da população, Bolsonaro trata as forças de segurança a pão de ló. Protege seus aliados de sempre, pensando em conquistar apoio num momento de crise, quando seu governo começa a balançar. É mais uma jogada malandra do presidente. No mínimo, outras categorias mereciam o mesmo privilégio.

Por Vicente Vilardaga, no UOL

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