O paradoxo bolsonarista está em questão: como ser um “cidadão de bem” e apoiar um líder ladrão?
Logo a contradição cai por terra como uma máscara: de fato, a expressão “cidadão de bem” passou pela máquina de distorção do fascismo e significa agora o seu contrário.
Mas é esse jogo de distorções e mentiras que convém analisar para entender a cabeça dos fascistas, ou melhor, do infeliz cidadão fascistizado pela máquina de devorar cérebros do capitalismo em seu estágio neoliberal.
Essa máquina é composta por mídia, igrejas e políticos a serviço dos donos do poder.
O caso das joias roubadas ainda não se encerrou, mas, na lógica dos bolsonaristas não se leva em consideração a democrática e constitucional “presunção de inocência”.
Contudo, culpa-se todo mundo, menos o líder messiânico a quem se deve a devoção. Assim funciona a seita.
De fato, as provas abundam no caso de Bolsonaro, faltando pouco para que o líder seja condenado e preso.
Mas bolsonaristas não se importam. Fazem de tudo para negar o óbvio. Não aceitam argumentos, não querem ver ou ouvir a verdade.
O esquema das joias foi detalhado na investigação: o recebimento dos bens por Bolsonaro, o deslocamento e a venda nos Estados Unidos e a operação deflagrada para recuperar os objetos após o caso entrar na mira da Justiça.
Tudo muito detalhado, dirimindo toda dúvida.
Mas os bolsonaristas continuarão negando o que houve como negam a esfericidade da Terra.
De fato, a servidão ao líder autoritário implica identificação.
No fundo, o submisso sabe que ele não existe e que depende do lider que ele adora para existir.
Se for confirmado que o líder é ladr@o, assassino ou homossexual (outro assunto na ordem do dia depois da medalha do “incomível” ao fascista argentino Miley) o cidadão servil sentir-se-á ele mesmo um ladr@o.
Se for ladr@o mesmo, pode se irritar ao ser descoberto, se não for, pode se sentir irritado pela injustiça.
Seu líder tem a função de existir por ele. Mesmo na prisão, ele será amado.
Pior seria se ele morresse e o projeto messiânico fosse interrompido, pois mesmo havendo candidatos a #bolsonaro como havia candidatos a Hitler, o fascismo nunca mais será o mesmo.
Márcia Tiburi – Filósofa.
Nunca tinha lido tanta besteira em tão pouco espaço de texto.