O novo levantamento do Latam Pulse, iniciativa da AtlasIntel e Bloomberg, reforça um cenário preocupante para o governo Lula. A desaprovação do presidente atingiu 53% – a maior desde o início do mandato –, e a avaliação negativa de sua gestão cresceu 4 pontos percentuais em um mês. Pela primeira vez, Jair Bolsonaro aparece numericamente à frente de Lula em um eventual segundo turno. No entanto, o ex-presidente segue inelegível até 2030, o que abre espaço para outros nomes da direita disputarem a sucessão.
As pesquisas eleitorais feitas com mais de um ano de antecedência da eleição não são preditivas do resultado final, mas servem como termômetro do momento político e barômetro das tendências eleitorais. O levantamento do Latam Pulse não define 2026, mas indica mudanças importantes no humor do eleitorado.
Se a eleição fosse hoje, Bolsonaro venceria Lula por 45,8% a 43%. Em janeiro, Lula ainda estava na frente (44% x 40,6%). A direita, no entanto, enfrenta um dilema: com Bolsonaro fora do jogo eleitoral, quem herdará seu capital político?
No primeiro turno, Lula ainda lidera, mas a direita começa a se estruturar:
• Contra Tarcísio de Freitas, Lula teria 41,6% contra 32% do governador paulista.
• Contra Eduardo Bolsonaro, Lula teria 41,5%, com o filho do ex-presidente somando 23,8%.
O risco para Lula está no segundo turno:
• Bolsonaro aparece com 49% contra 48% de Lula, mas não poderá disputar.
• Tarcísio de Freitas já vence Lula por 49% a 47%, mostrando-se como a alternativa mais competitiva da direita.
• Lula mantém vantagem apenas contra nomes menos expressivos, como Eduardo Bolsonaro, Pablo Marçal e Romeu Zema.
Por que importa?
O governo Lula está diante de um problema duplo: vê sua aprovação derreter enquanto Bolsonaro, mesmo inelegível, continua sendo seu maior adversário. A direita, por sua vez, se reorganiza para 2026, com Tarcísio despontando como o herdeiro natural do bolsonarismo na disputa presidencial.
Se o Planalto não reverter a queda na popularidade e não apresentar respostas concretas para a segurança e a inflação, Lula pode chegar a 2026 sem a vantagem de 2022 – e abrir espaço para uma nova guinada à direita.
Por Fábio Campos, no Focus Poder