
“Brasil Sorridente” em Sobral: evento da Prefeitura ou do UNINTA? Convite duplo expõe confusão institucional
No próximo dia 30 de junho, às 14h, Sobral sediará a palestra “Brasil Sorridente: avanços e desafios para o desenvolvimento”, que contará com a presença do Dr. Edson Hilan Gomes de Lucena, coordenador-geral de Saúde Bucal do Ministério da Saúde. A atividade é parte do debate nacional sobre as políticas públicas de saúde bucal no país, ancorado no programa Brasil Sorridente, relançado recentemente pelo Governo Federal com foco na ampliação do acesso ao cuidado odontológico.
A pauta é de extrema relevância, sobretudo para os profissionais da saúde, acadêmicos e gestores públicos. No entanto, a condução institucional do evento em Sobral está gerando dúvidas e desconforto.
Dois convites diferentes circulam nas redes sociais e grupos de profissionais da saúde. O primeiro, emitido pela Secretaria da Saúde de Sobral, apresenta o evento como uma realização da Prefeitura, sendo o público-alvo os servidores e profissionais da rede municipal. Já o segundo material, com layout distinto, é assinado pelo Centro Universitário UNINTA, destacando a mesma palestra, com o mesmo palestrante, data, horário e local.
Mas afinal: quem está organizando o evento? Prefeitura ou UNINTA?
Essa duplicidade de comunicação deixa uma sensação de disputa simbólica em torno de um evento que deveria ser institucional e coletivo. O fato de o prefeito de Sobral ser também o presidente e proprietário do UNINTA, torna a situação ainda mais delicada. A linha entre o público e o privado, que já é tênue, parece se apagar quando interesses se sobrepõem à clareza institucional.
Além disso, a mudança no nome do local — de “Auditório Central do UNINTA” no convite da Prefeitura para “Auditório Oscar Spíndola Rodrigues” no convite do UNINTA — pode parecer mero detalhe, mas escancara uma falta de alinhamento entre os envolvidos e levanta suspeitas sobre a real motivação por trás da realização da palestra.
O programa Brasil Sorridente é uma política pública federal, não uma bandeira local. Sua apropriação por qualquer instituição, seja pública ou privada, deveria ser evitada. O foco deveria ser o conteúdo, o impacto da política na vida das pessoas e o fortalecimento do SUS — não a promoção paralela de marcas institucionais ou pessoas.
Mais uma vez, Sobral se depara com um problema crônico: a sobreposição de interesses institucionais e pessoais, num ambiente onde o poder político, acadêmico e econômico caminham entrelaçados. A cidade — referência nacional em saúde — merece mais transparência, mais equilíbrio e, sobretudo, mais respeito à inteligência de seus cidadãos.
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