A Prefeitura Municipal de Sobral já arrecadou, apenas nos seis primeiros meses de 2025, um total de R$ 534.237.539,31 (quinhentos e trinta e quatro milhões, duzentos e trinta e sete mil, quinhentos e trinta e nove reais e trinta e um centavos). Os dados, obtidos junto ao relatório oficial da administração municipal, mostram a arrecadação mês a mês:

• Janeiro: R$ 69.518.604,11

• Fevereiro: R$ 86.839.150,83

• Março: R$ 78.200.986,84

• Abril: R$ 99.433.644,80

• Maio: R$ 122.948.280,76

• Junho (até o dia 24): R$ 77.296.871,97

Os números, por si só, confirmam a força econômica e fiscal da cidade. No entanto, ao circular pelos bairros de Sobral, a pergunta que ecoa é inevitável: para onde está indo tanto dinheiro?

Apesar da arrecadação histórica, os problemas estruturais continuam os mesmos — e, em alguns casos, se agravam. Ruas esburacadas em bairros periféricos, deficiência no transporte coletivo, longas filas nas unidades de saúde, acúmulo de lixo em várias áreas da cidade e a ausência de políticas públicas eficazes para jovens e para a população em situação de vulnerabilidade social são apenas alguns exemplos de demandas urgentes. Se há tanto recurso em caixa, por que serviços básicos ainda patinam?

Não se trata de negar avanços, mas de cobrar coerência entre arrecadação e resultados. Com mais de meio bilhão de reais já arrecadados até junho, Sobral tem, sim, recursos suficientes para promover uma transformação profunda e mais justa. O problema não parece ser dinheiro — mas sim gestão, prioridades e vontade política.

É preciso que o poder público municipal olhe com mais atenção para as desigualdades dentro do próprio território e que a sociedade cobre, com firmeza, mais transparência e eficiência na aplicação desses recursos.

Sobral merece mais que números positivos nas planilhas: merece que esse dinheiro se traduza em dignidade para quem vive aqui.