No xadrez da política cearense, uma peça em especial voltou a dominar os olhares, mesmo sem se mover no tabuleiro: Ciro Ferreira Gomes. Hoje, é quase impossível falar de política no Ceará sem que o nome de Ciro apareça. Seja em elogios ou críticas, ele permanece no centro da conversa. Fale bem ou fale mal, mas fale dele.

O que mais tem despertado atenção é o silêncio de Ciro diante dos últimos acontecimentos. Muita coisa mudou no cenário, movimentos que alteram alianças e estratégias eleitorais, mas Ciro apenas observa. E seu silêncio, para muitos, soa como um grito que ecoa pelos bastidores.

Enquanto isso, soldados do governo disparam críticas, lançam provocações e aguardam ansiosamente uma resposta. Alguns dizem até esperar por ele, mas Ciro parece não se abalar. Trata as pedradas como se fossem apenas ruídos ao vento e, quase em postura estóica, transforma cada ataque em irrelevância.

Na oposição, o cenário é de confusão e indefinição. Há quem defenda união com Ciro e há quem rejeite essa possibilidade. As tensões sobem como a temperatura de uma caldeira prestes a estourar. E, ainda assim, Ciro segue calado, observando cada movimento como um jogador que analisa o tabuleiro antes de tocar na peça decisiva.

Essa postura inédita do ex-governador tem chamado atenção e preocupado muita gente. Pela primeira vez, Ciro parece guardar a emoção no bolso e agir com o rigor pragmático que a política às vezes obriga. Ele parece ter entendido que o silêncio também é estratégia, que esperar a poeira baixar amplia o campo de visão, que um telefonema pode valer mais que uma nota pública e que respirar fundo e dormir uma boa noite pode evitar erros. Nem toda jogada precisa ser imediata.

O fato é que, mesmo sem se colocar como candidato, seu nome cresce e circula com intensidade cada vez maior no estado. Muitos aguardam suas manifestações com expectativa. Outros, com temor. Mas todos observam.

Por Micael Sousa, no Xadrez Político