Candidatura de Ciro muda jogo no Ceará

Cotado para concorrer ao Governo do Estado em 2026, o ex-presidenciável Ciro Gomes (ainda no PDT) deve analisar o cenário local antes de qualquer decisão. Mesmo seu ingresso no PSDB, como a coluna já havia antecipado em meados de julho, não é garantia de que irá entrar no jogo pela sucessão de Elmano de Freitas (PT). Mas, se de fato se apresentar como postulante ao Abolição, há efeitos consideráveis tanto para Elmano, que teria de encarar adversário como nenhum outro na oposição, quanto para o senador Cid Gomes (PSB), que ficaria de mãos atadas – não se imagina o ex-governador apoiando um nome contra o irmão, ainda que rompidos. Um terceiro efeito: a corrida se nacionalizaria de vez, com um polo “ciro-bolsonarista” e outro “camilo-petista”.

EFEITOS I

Para Elmano, há possibilidade de um páreo mais duro, a despeito dos resultados de Ciro nas eleições de 2022 e de 2024. Cada pleito tem sua história. O de 2026 transcorreria em meio a quadro delicado na segurança, por exemplo.

EFEITOS II

Pesaria também o discurso que Ciro insistiria em explorar numa campanha, mostrando-se experiente e capaz para encontrar respostas aos problemas administrativos. A isso se somaria a fadiga do projeto aliancista no Estado.

CAMILO…

É aí que o ministro Camilo Santana (Educação) teria de entrar em campo. Com Ciro entre os candidatos, a disputa demandaria mais atenção do petista, que tem envergadura para fazer frente ao ex-aliado.

… EM CENA

Seja como “padrinho” de Elmano, seja pleiteando um terceiro mandato como governador, Camilo dificilmente escaparia dessa batalha frontal com o pedetista, que parece desejar exatamente o confronto com o seu ex-parça.

… MAIS LONGE

Já o senador estaria numa “saia” mais justa do que aquela de 2022, quando Ciro apoiou Roberto Cláudio. Porque agora já não seria RC, mas o irmão de Cid, condição que o pressionaria a se afastar no 1º turno e talvez ainda no 2º.

… MAIS LONGE

Cid já pavimenta esse movimento, aliás. Note-se que, desde o ano passado, o ex-governador não participou de qualquer agenda de Lula no Ceará. Se precisar se distanciar (ou até compor com Ciro), há brechas ou portas abertas.

Por Henrique Araújo, na coluna Vertical, d’O Povo

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