Camilo e a visibilidade do MEC

O Ministério da Educação é o queridinho do momento no governo Lula (PT). Não está livre de problemas, a começar pelas greves de professores e servidores das universidades. Mas, em pesquisa Ipec divulgada na semana passada, a educação foi a área com melhor avaliação do governo. Não que seja excepcional. Recebeu 38% de ótimo ou bom, 28% de regular e 31% de ruim e péssimo. Destacou-se por ser a única com avaliação positiva superior à negativa.

O resultado ligeiramente positivo num governo em muitas dificuldades projeta bem o ministro Camilo Santana (PT). José Dirceu o colocou na lista de potenciais candidatos a presidente no campo da base do governo. Isso já foi feito outras vezes, até pelo próprio presidente. Não é algo hoje muito concreto. Em princípio, nem visaria 2026, quando Lula dá sinais de querer a reeleição. Mas, soa hoje menos inusitado do que já foi.

Camilo repete no MEC ingredientes do que o tornou popular no Ceará. Evita arestas e polêmicas, coisas que marcaram os anos bolsonaros na educação — e na vida. Enquanto muitos no PT buscam fazer o oposto do governo anterior, o ministro não vai pela via do antagonismo, mas da maneira mais consensual que consegue. Para quem ficou fatigado com a adrenalina e o polemismo bolsonaristas, é um respiro.

A gestão de Camilo não é brilhante, longe disso. Muita coisa não andou. As obras inacabadas seguem paradas. A burocracia é grande, os trâmites são muitos, mas o governo caminha para um ano e meio. Um trunfo para Camilo é o fato de o governo Bolsonaro, com quatro ministros, ter tido na educação um dos pontos mais baixos de uma gestão subterrânea. Uma confusão, polêmicas vazias e zero discussão sobre aprendizagem. Alguma coisa é mais que o nada que o antecedeu.

O problema para o ministro é que o destaque que obtém o torna cada vez mais alvo. Da oposição e do fogo amigo que já existia antes mesmo de tomar posse.

O DESTINO DE IZOLDA

Em junho, está prevista a saída da secretária-executiva Izolda Cela (PSB), para ser alternativa para a Prefeitura de Sobral. Não é segredo que ela entende mais de educação que Camilo. Está no ramo desde quando o ministro sonhava ser prefeito de Barbalha. Irão mesmo mexer numa função chave do ministério de desempenho mais bem avaliado do governo de olho na eleição sobralense? Não que Sobral não valha. Mas será um desfalque e tanto, a esta altura, não para Camilo, mas para o governo Lula.

Por Erico Firmo, n’O Povo

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