
Críticas ao abandono da Margem Esquerda expõem divisão nas redes e tentativas de blindagem à gestão municipal
As redes sociais em Sobral foram palco, nos últimos dias, de um intenso debate após o médico Michel Palheta relatar, em tom de lamento, o estado de abandono da Margem Esquerda do Rio Acaraú — um dos espaços públicos mais simbólicos da cidade. O desabafo, que expôs o descaso com a manutenção urbana, encontrou eco imediato na população, que há meses reclama da sujeira, da falta de iluminação, da insegurança e da ausência de cuidados com o espaço público.
Entretanto, a reação de alguns apoiadores ligados à gestão do prefeito Oscar Rodrigues foi rápida e barulhenta. Em vez de reconhecer a crítica como um alerta legítimo de quem vive ou visita a cidade, o que se viu foi uma tentativa de desqualificar o autor da denúncia, com discursos que beiram a negação da realidade.
“Prefeito humilde e que busca, diante das dificuldades encontradas, entregar o que entende como melhor para nossa cidade. Tudo é uma questão de processo”, escreveu um dos defensores da gestão. Outro foi mais ácido: “Nem sempre quem tá fora enxerga melhor do que quem tá dentro. Sobral não é uma clínica médica pra se administrar. Sobral é um complexo conglomerado de problemas.”
A pergunta que não quer calar é: desde quando ouvir a população se tornou um incômodo? Críticas não são um ataque pessoal ao gestor — são parte essencial do processo democrático, sobretudo quando escancaram problemas visíveis a olho nu. A Margem Esquerda está, sim, mal cuidada. E fingir que não está, ou tentar desviar o foco com frases feitas e ataques pessoais, não melhora a situação.
Sobral precisa de zelo, de escuta e de ação. Não de discursos prontos ou blindagens automáticas. A população não quer espetáculo de vaidades — quer resultado.
Publicar comentário