A preocupação que Lula deve ter ao analisar as últimas pesquisas

Na pesquisa Ipec divulgada na semana passada, aliados do presidente Lula comemoraram a aprovação entre eleitores de Jair Bolsonaro (PL). Há 8% de eleitores do ex-presidente que consideram o governo atual ótimo ou bom. É realmente de impressionar, diante dos extremos inclusive emocionais a que foi levado o embate político, que eleitores bolsonaristas achem positivo o governo petista. Mas, calma lá na leitura desse dado. O percentual de 8% é baixo. Em qualquer pesquisa de caráter estimulado, haverá um percentual de pessoas que respondem qualquer coisa. Mais significativo é o índice de 33% que considera a gestão federal regular. É nada menos que um terço dos que votaram em Bolsonaro. Justamente pelo cenário de extremismo, quem vota em Bolsonaro e não acha o governo ruim é digno de nota.

Porém, há de se considerar, também, que nem todo eleitor de Bolsonaro é bolsonarista radical. Assim como nem todo mundo que votou em Lula é adepto do PT. Houve, de um lado e outro, os que votaram, digamos assim, tapando o nariz, mais preocupados em derrotar o outro lado que em eleger o escolhido. Daí ser significativo Lula ter aprovação, ou pelo menos não ser reprovado, da parte de quem votou para derrotá-lo.

Já entre os eleitores de Lula, 88% dizem que aprovam o governo até agora e 8% desaprovam. São 68% que acham a administração ótima ou boa, 27% consideram regular e 3%, ruim ou péssimo. Esse índice é relevante e positivo para Lula. Justamente porque parte desse contingente que votou nele não tem propriamente simpatia pelo atual presidente. Não foram poucos os críticos do PT que escolheram Lula unicamente por falta de opção e por entenderem que Bolsonaro seria pior que qualquer um. Os desgastes e polêmicas de início de mandato ameaça a popularidade do presidente particularmente nesse setor hesitante e naturalmente crítico. O que o Ipec mostra é que, se houve estrago, ele não é de grandes dimensões.

Por Erico Firmo, n’O Povo

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